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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Trabalho na Escola Nacional de Seguros, sou graduado em Letras, pós-graduado em Educação a Distância, em Ciências Ambientais e mestre em Literatura Brasileira.

COMENTARISTAS

sábado, 30 de outubro de 2010

DEFICIENTES CÍVICOS

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Milton Santos foi o intelectual brasileiro que soube criticar a globalização logo em seus primeiros momentos. Há 10 anos, lançou o livro “Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal” que se tornou uma referência sobre o assunto. Em seu livro, Milton denuncia que, no mundo globalizado, as tecnologias da informação e das comunicação estão antes de tudo a serviço do mercado financeiro.

Ao se opor à globalização que classifica de perversa, Milton Santos propõe um outro tipo de globalização. Nela, ele aponta, as mesmas bases tecnológicas que servem aos mercados empresariais e financeiros também poderão ser postas a serviço de propostas sociais e políticas.

A educação não poderia ficar de fora das preocupações do professor, que concluiu seu doutorado em Geografia pela Universidade de Estrasburgo, na França, e que, após ser exilado em 1964, lecionou na Universidade de Paris, Sorbonne, no Massachussetts Institute of Tecnology (MIT), nos Estados Unidos, e na Universidade de Dar es Salaan, naTanzânia, entre outras. Na América Latina, Milton Santos deu aulas no Peru e Venezuela. No Brasil, após o exílio, o professor trabalhou na Universidade de São Paulo e na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Toda essa experiência lhe valeu o Prêmio Internacional de Geografia Vautrin Lud, equivalente ao Nobel de Geografia, em 1994.

Em 2002, Milton publica um ensaio intitulado “Os deficientes cívicos”, em um outro livro chamado  “O país distorcido: o Brasil, a globalização e a cidadania”. No ensaio, ele afirma que todo o esforço de filósofos, pedagogos e homens de Estado em tornar o ensino universal, igualitário e progressista está sendo jogado fora pela globalização. A globalização, escreveu o professor, é fundada em novos sistemas de referência. Nesse novo ordenamento mundial “noções clássicas, como democracia, república, cidadania, a individualidade forte, constituem matéria predileta do marketing político, mas, graças a um jogo de espelhos, apenas comparecem como retórica, enquanto são outros os valores da nova ética, fundada num discurso enganoso, mas avassalador”. A competitividade, o comportamento egoísta e a lei do interesse fazem parte do mundo do 'salve-se quem puder', do 'vale tudo' (...)". 

Milton Santos é taxativo:

“O projeto educacional atualmente em marcha é tributário dessas lógicas perversas. Para isso, sem dúvida, contribuem: a combinação atual entre a violência do dinheiro e a violência da informação, associadas na produção de uma visão embaralhada do mundo; a perplexidade diante do presente e do futuro, um impulso para ações imediatas que dispensam a reflexão, essa cegueira radical que reforça as tendências à aceitação de uma existência instrumentalizada.”

A Educação a Distância integra o projeto educacional do nosso tempo. Também nela, o ensino pode ser reduzido ao treinamento e instrumentalização de pessoas. O aprendizado em EAD corre o risco de se exaurir precocemente em função das mudanças rápidas e brutais que estão hoje aí, conduzindo-nos muitas vezes à desorientação.

O que Milton comenta sobre a escola é válido da mesma forma para a Educação à Distância, que também pode deixar de ser “o lugar de formação de verdadeiros cidadãos” e se tornar “um celeiro de deficientes cívicos.”

* Trailer do documentário "Encontro com Milton Santos ou o Mundo Global Visto do lado de cá", dirigido por Silvio Tendler em 2006.




sábado, 23 de outubro de 2010

A EAD MENOS DEFICIENTE



Foto (manipulada): Microsoft


 Segundo o IBGE, há 10 anos havia 24,6 milhões de pessoas em nosso país com algum tipo de incapacidade ou deficiência, seja ela física ou mental. Mais ou menos 14,5% do total de nossa população, entre outras dificuldades, precisavam ultrapassar também os obstáculos que impedem o acesso à educação escolar e universitária. O Censo 2010 talvez revele o aumento de pessoas com necessidades especiais, mas as dificuldades com a educação estão diminuindo.


Nos últimos tempos, a Educação a Distância se tornou uma importante aliada na luta de pessoas com incapacidade ou deficiência por uma educação que as inclua. A EAD pode trazer a mesma formação que só existia do lado de fora para dentro das casas de cadeirantes, cegos, surdos, mudos e demais pessoas com problemas de locomoção e comunicação.

Atualmente, as pessoas com ausência de visão, por exemplo, já podem contar com ferramentas que dão a elas a oportunidade de usar o computador e navegar na internet. São as chamadas tecnologias assistivas que oferecem soluções como os programas de ampliação de telas e os sintetizadores de voz que permitem aos cegos a audição dos conteúdos de uma página da web. O Magic, o LentePro, o Jaws e o Virtual Vision são os primeiros softwares que estão revolucionando o ensino e a aprendizagem para cerca de 16,6 milhões de pessoas com algum grau de deficiência visual.

Por enquanto, é apenas o começo. As tecnologias assistivas ainda vão permitir que os cegos ouçam a descrição verbal de imagens e animações, que pessoas com limites de movimento tenham equipamentos mais ergonômicos, que mudos e surdos compreendam a Educação a Distância através da linguagem brasileira de sinais (Libras).

Se pessoas com necessidades especiais conhecem limitações, a EAD deve apoiá-las a superar algumas delas.


Para mais informações, busque por associações de deficientes físicos de vários estados brasileiros e em www.serpro.gov.br/acessibilidade/ e www.interlegis.gov.br/cidadania/20020108135559.

Texto elaborado com dados recolhidas em: 

A EAD E AS LIÇÕES DE ALTHUSSER


Em meados dos anos 1970, o filósofo Louis Althusser apresentou seus conceitos de Aparelho Repressivo de Estado e Aparelho Ideológico de Estado. A polêmica em torno das colocações de Althusser aqui não vem ao caso. Em síntese, para ele, as igrejas, a família, os sindicatos, a escola, entre outros, são aparelhos ideológicos. Através deles, o Estado sujeita os indivíduos à ideologia da elite burguesa, cuja lógica de dominação é excludente e desigual.

Aparelhos, Estado, elite burguesa são palavras e expressões que praticamente nem se empregam mais no discurso político. No entanto, esse discurso pode ser o pontapé para uma discussão atual sobre a EAD.
Quem legitima a EAD? De onde surgiu o pensamento de que a EAD é a melhor forma de ensino e aprendizagem dos nossos dias? Quem ou o quê faz a gente reproduzir esse raciocínio?

Não está claro ainda se a EAD surgiu de uma necessidade de transformação e evolução realizadas pelo próprio processo educacional ou se foi uma exigência da globalização, de tecnologias admiráveis. Ou as duas coisas, talvez. Curioso é que toda a indústria criada para a Educação a Distância parece saber aonde quer chegar, e a maioria dos professores se sente perdida nesse assunto.

De uns tempos para cá, o que se ouve são opiniões repetitivas e predominantes sobre as vantagens da EAD. Sendo assim, cabe a pergunta: Será que trocamos o velho conceito de Aparelho Ideológico de Estado obsoleto pela versão mais nova de um conceito de Aparelho Ideológico de Mercado?

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

SURPREENDERÁ A TODOS, NÃO POR SER EXÓTICO

Fotos: Mara Hermes (Flickr) e Microsoft

Certa tarde, cinco meninos indígenas brincavam às margens do rio São Francisco, entre os municípios de Pão de Açúcar (AL) e Porto da Folha (SE). Anos depois, já crescidos, eles se tornaram alunos dos cursos de graduação a distância de Ciências Biológicas, Geografia e Letras da Universidade Federal de Sergipe.

Os cinco jovens indígenas fizeram parte do Projeto Pré-vestibular Indígena a Distância, vinculado ao Programa Conexões de Saberes de outra instituição de ensino superior do Nordeste, a Universidade Federal de Alagoas. Esse projeto é composto de um grupo multidisciplinar, chamado Grupo de Pesquisa Cultura, Identidade e Movimentos Sociais, que inclui professores da UFAL e onze universitários, dois deles participantes do intercâmbio entre a universidade alagoana e a Universidade de Valência, da Espanha.


Outro projeto importante, apoiado pela Cisco Systems, British Telecom, Microsoft, Bradesco, Fundação Mário Covas e pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT), é o da Fundação Bradesco. Através de um de seus Centros de Inclusão Digital, a fundação assume o desafio de implantar a educação à distância na região do município de São Gabriel da Cachoeira (AM). A área concentra o maior número de etnias indígenas diferentes no Brasil. Ali convivem vinte e três grupos indígenas, que falam dezenove línguas.

São Gabriel da Cachoeira se localiza na fronteira do Brasil com a Colômbia e a Venezuela. É o terceiro maior município do país: tem um território equivalente a duas vezes e meia o Estado do Rio de Janeiro. De Manaus até lá, não existe estradas, e a solução é viajar de barco subindo o Rio Negro. Da capital do Amazonas até São Gabriel da Cachoeira, os barcos levam em média três dias. Mas isso é pouco. De São Gabriel para a cabeceira do rio Içana, por exemplo, a viagem pode durar mais de vinte dias. Quem determina todos os prazos são os níveis dos rios.

Nessas águas e terras, a língua portuguesa circula entre os brancos e os indígenas. Mas o que se fala mesmo de cá para lá e de lá para cá é o baniwa, o tukano e o nheengatu. Os cursos da Fundação Bradesco selecionados pela comunidade são traduzidos para essas três línguas indígenas, bem como os drivers e os teclados que em breve serão adaptados para as suas escritas.

Não se trata apenas de substituir o arco e flecha pelo mouse ou os hábitos milenares por uma inclusão digital por si mesma. As tradições são resgatadas, porém o que se quer é uma melhoria da educação e o aumento da empregabilidade. O projeto oferece 310 cursos, entre eles, os de gestão escolar, língua inglesa e investimento no mercado de ações. O curso escolhido como carro-chefe foi o IT Essentials I, de software e hardware, cujo conteúdo é alinhado para certificações internacionais e demandas das grandes empresas de TI.

"A educação indígena não pode ser vista como algo diferenciado. Muitas vezes temos de ir contra os sistemas de ensino para valorizar a educação de cada povo: criar literatura própria e valorizar a transmissão oral. Mas, o que o mundo tem de bom nós queremos. Queremos ensino superior, acesso à internet; queremos que nossos filhos saibam viver nas comunidades e nas cidades também" - assim declara o diretor do Departamento Indígena do projeto, Donato Miguel Vargas, descendente da etnia Karapanã.

Há outros projetos de Educação a Distância à mão do índio no Brasil. "E as coisas que eu sei que ele dirá, fará, não sei dizer assim, de um modo explícito”.*



* Os títulos e o trecho final dessa postagem são de “Um índio”, de Caetano Veloso. O texto é baseado em:
http://fernandoscpimentel.blogspot.com/2010/06/indios-e-ead.html

www.educacionista.org.br/jornal/index.php?option=com_content&task=view&id=6168&Itemid=41



domingo, 10 de outubro de 2010

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO

Foto (manipulada): Microsoft
      
Especialistas dizem que a Filosofia, a Psicologia,a Sociologia, a Antropologia e a História fundamentam a Educação e, por conseguinte, a Educação a Distância. Gosto de pensar nesses fundamentos como ferramentas, um kit de chave de fendas, por exemplo, cada qual com o seu tamanho e a sua finalidade.

O problema é que, pensando-se em ensino médio e fundamental no Brasil, na maioria das vezes as ferramentas disponíveis, quando estão disponíveis, ficam jogadas no canto, sem uso. Mesmo com os fundamentos que aprendem na licenciatura, muitos de nossos professores parecem que incorporam as teorias da Educação a partir da experiência do dia a dia, e não a partir de um saber adquirido em estudo e pesquisa.

As razões do despreparo dos professores são conhecidas. Basicamente, são seus baixos salários e a falta de tempo devido à carga de trabalho excessiva. Isso, entre outros fatores, impede que os professores frequentem aulas e comprem livros com a regularidade desejada. Além disso, criou-se um hábito lamentável: carente de recursos, diversos professores se orgulham de construir suas próprias conclusões, que às vezes até, equivocadamente, desdizem as teorias consagradas na Educação. Valoriza-se o aprendizado na prática, menospreza-se o saber teórico.

Quanto ao ensino superior, quem já teve a experiência de treinar estagiários, sabe o tamanho do abismo que há entre aquilo que eles aprendem na faculdade e aquilo que se pratica de fato na profissão. Normalmente, ou esses alunos possuem conhecimentos ultrapassados, ou trazem conceitos avançados, muito à frente do que o mercado de trabalho se dispõe a desenvolver.

O surgimento da Educação a Distância é de grande importância para os ajustes dos conteúdos educacionais e para a coadunação da teoria com a prática de ensino e aprendizagem. As tais ferramentas da educação podem ter afinal alguma utilidade no momento em que a Educação a Distância ainda experimenta alguns de seus processos e fixa outros.

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

DEDICAÇÃO AOS OUTROS SE APRENDE EM CASA


Foto (manipulada): http://catiaaleluia.blogspot.com

A Educação a Distância não está só a serviço da formação escolar e superior. Menos ainda do ensino profissional. Que o diga o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, que oferece gratuitamente um curso online voltado aos familiares que cuidam de pacientes com câncer em casa. O endereço para informações é www.icesp.org.br. São experiências assim que demonstram até onde a EAD pode alcançar, inclusive nos ensinando a ser mais humanos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

UMA GRANDE INTERROGAÇÃO

Criação: Jorge Moraes


DIVERSIDADE EM EAD



Foto (manipulada): Microsoft
 



É preciso pensar numa Educação a Distância para todos: http://diversidadeemead.blogspot.com/



VAMOS DOMINAR O MOODLE

Foto (manipulada): Microsoft
Conheça a proposta arrojada e divertida de Ângela Branco Moreno sobre ambiente virtual de aprendizagem mais conhecido do planeta:


Eaê, vambora?

O REBOCADOR DE JET SKI

Foto (manipulada): http://www.rimonthly.com/
Tow in é o surfe em ondas gigantes com o auxílio de rebocadores de jet ski. Na Educação a Distância via internet, as coisas funcionam mais ou menos assim. O aluno está sempre realizando manobras nas agitadas águas da informação. Só que às vezes perde o equilíbrio. É nessa hora que o tutor deve entrar em ação e conduzi-lo a áreas de pesquisa e estudo menos confusas e arriscadas.