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Rio de Janeiro, RJ, Brazil
Trabalho na Escola Nacional de Seguros, sou graduado em Letras, pós-graduado em Educação a Distância, em Ciências Ambientais e mestre em Literatura Brasileira.

COMENTARISTAS

domingo, 15 de abril de 2012

EAD SOB AMEAÇAS

Outro dia mesmo, li um artigo muito interessante, chamado “A ‘orkutização’ do Instagram e a natureza gregária da internet”. O autor é Alexandre Matias, e seu texto foi postado em um dos blogs do jornal O Estadão. Quem quiser acessá-lo, basta copiar e colar este endereço no browser: migre.me/8GFVs. Se falhar daqui a meses, busque o título do artigo no Google, ham?

O Instagram é um software para celular que permite tirar e dar efeitos visuais em fotos, para depois enviá-la a uma rede social. Até há pouco tempo, tal rede social era exclusiva para os donos de iPhone, mas agora também os usuários de celulares que funcionam com sistema Android podem frequentá-la, o que torna o acesso ao Instagram relativamente mais popular.

Analisando o fato, Pedro Matias classifica de “orkutização “ o fenômeno de um serviço online deixar de ser para poucos privilegiados e se democratizar. O termo traduz o comportamento surgido depois de a rede social Orkut crescer muito no Brasil. Daí em diante, aquela meia dúzia de internautas antenados e modernos que viviam por lá torceu o nariz e se mudou para outros endereços na internet. Um desses caras, que eu costumo chamar de netelitista, até chegou a escrever no Twitter o seguinte comentário sobre o Instagram ir parar nas mãos de mais gente: “Em vez de crème brûlée vamos ver fotos do Habib’s”.

Aí você me pergunta: E daí, o que isso tem a ver com EAD? E eu respondo: muita coisa.

Pense comigo: a EAD é um serviço online que vem se expandindo entre nós. A “orkutização” da EAD pode ser confundida com opção de ensino para pessoas menos instruídas e pobres. Como nas escolas públicas, normalmente ensino para pessoas menos instruídas e pobres não é visto como sério e de qualidade. Sendo assim, pode haver uma dificuldade maior ainda para a formação a distância conquistar o devido respeito, inclusive entre os nossos acadêmicos, que mais pesquisam e teorizam do que propõem e praticam a EAD com todo o seu potencial educativo.

Para fechar o raciocínio, “e na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimulado diante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer, qualquer plano de educação que pareça fácil que pareça fácil e rápido, e vá representar uma ameaça de democratização do ensino”, tudo bem se pensar no Haiti. Porém, melhor seria refletir sobre os destinos da EAD no Brasil.

terça-feira, 10 de abril de 2012

ENSINO A DISTÂNCIA TEM CALCANHAR DE AQUILES

Foto: sumonauta.blogspot.com.br

Recentemente, li um artigo repleto daqueles lugares-comuns sobre os benefícios do ensino a distância. Que o ensino a distância é inclusivo e democrático; que o ensino a distância é uma opção para quem mora longe de boas instituições acadêmicas; que o ensino a distância proporciona oportunidade de estudo às pessoas sem disponibilidade de horários; que o ensino a distância é uma alternativa moderna e poderosa para superar o atraso histórico da educação no Brasil; que o ensino a distância possibilita isso; que o ensino a distância permite aquilo.

Não fui confirmar a informação, mas o artigo sustenta também que o perfil do nosso aluno do ensino a distância é composto de trabalhadores de baixa renda, que moram com a família, possuem em média 30 anos de idade e ainda não conseguiram acesso ao curso superior. Esses trabalhadores são comprometidos com a sua formação e, por isso, encontram tempo para se dedicarem um grande número de horas semanais para os estudos, aulas e leituras necessárias à sua formação.

Lendo o artigo, fiquei na dúvida se ele ajuda a entender as vantagens do EAD ou se revela as suas limitações e obstáculos. Penso que o autor do texto acertou em cheio no próprio pé, porque, na prática, a realidade do ensino a distância é outra.

Se o ensino presencial para adultos de baixa renda que ainda não conseguiu o nível superior, em geral, é precário; se a atenção que é bom dedicar à família influi na disposição e no tempo de estudo; se encontrar tempo para estudar durante a semana, em muitos casos, é praticamente uma utopia, como é que o ensino a distância é capaz de superar tantos obstáculos?

É preciso questionar se tudo que se diz de bom sobre o ensino a distância é, de fato, uma realidade. E pensar com mais profundidade como fortalecer o seu calcanhar de aquiles.

domingo, 24 de julho de 2011

A EAD TEM UMA IMAGEM A ZELAR











































Já ouvi falar por aí que, além de um império, o provérbio “uma imagem vale mais do que mil palavras” também pertenceu a Napoleão Bonaparte.  Falaram que, depois de ouvir uma explicação quilométrica de um de seus generais a respeito de uma batalha, Napoleão teria declarado a frase "un bon croquis vaut mieux qu'un discours” (“Um bom esboço é melhor do que um discurso”). Vai daí que, de disse me disse em disse me disse, a frase se tornou a máxima que conhecemos hoje.

Se isso é verdade ou mentira, não importa. Nem as histórias oficiais que sabemos são inteiramente de verdade ou inteiramente de mentira. De certo mesmo é que, aqui no Brasil, muitas e muitas vezes, imagens significam mais do que palavras. Não é por acaso que temos uma das produções de TV mais sofisticadas do mundo, com uma credibilidade pública que pouco se vê por aí.

Canais de televisão sabem explorar as emoções, sentimentos e sonhos de consumo de muita gente. Para um educador, fica difícil contrapor o discurso televisivo, uma vez que a comunicação escolar é notadamente enfadonha e antiquada. Então, no lugar de resistir, o professor poderia repetir as lições da TV: despertar a vontade de aprender através de emoções, sentimentos e outros tipos de sonhos. Primeiro, o exercício da criatividade. Depois, teorias, regras, conceitos.

É preciso não apenas educar pela imagem, mas também para a imagem. E educar para a imagem porque, se a alfabetização é uma oportunidade de introduzir a linguagem escrita, está mais do que na hora de lançar um programa de ensino da mensagem visual, talvez a mensagem de mais influência em nossas vidas e em nossa sociedade.

Esse é um desafio que a educação contemporânea deve assumir, já que, comparativamente à educação tradicional, ainda há poucas ações que enxergam as imagens da TV, do vídeo, do cinema, da internet e da fotografia como componentes estruturais do ensino-aprendizagem.

A educação a distância necessita se entender melhor com o discurso visual. Sem ele não há mais como aproximar as pessoas do conhecimento. Por escrito é necessário, mas é pouco. Caso não crie uma maneira pedagógica de lidar com essa situação, mais dia, menos dia podemos ouvir outra máxima: foi assim que a EAD perdeu a guerra.

O ENSINO DE TIJOLOS E DE BYTES


Às vezes me sobe à cabeça que um ambiente virtual de aprendizagem é a imagem e semelhança da maioria das instituições de ensino do mundo real. Há nesses AVAs praticamente as mesmas aulas, os mesmos setores, os mesmos processos administrativos que ocorrem em instituições de ensino de tijolos, e não de bytes.

Talvez o pior de tudo isso é que, em certos AVAs,  por mais que se diga o contrário, que se discurse sobre os avanços e as transformações da educação, ainda existe a tradição de censura à rebeldia e de intimidação da novidade, do criativo, enfim, um obstáculo, um muro para tudo aquilo que foge dos padrões de ensino e de aprendizagem.

Suponho que é por causa da postura retrógrada de boa parte das instituições de ensino que a educação em breve talvez esteja sob nova direção: ditada por empresas de serviços tecnológicos, em um novo espaço chamado Web 2, muito além dos campi, das escolas e dos Moodles da vida.

Que diretor de faculdade ou colégio consegue emitir sua opinião em uma revista de grande circulação no Brasil? Quem é capaz de bancar uma universidade inteira voltada exclusivamente para o desenvolvimento da tecnologia? Qual é o professor que recebe 3 milhões e meio de dólares? Quais as ferramentas virtuais com as quais esse professor poderia contar para dar aulas?

Quem sabe as respostas estejam debaixo do nosso nariz?

O PODER PODE MAIS

Mark Weston trabalha a 36 anos
com projetos educacionais que
associam ensino às inovações
tecnológicas.





Pode-se dizer que Mark Weston, guardadas as devidas proporções em um cofre gigantesco, é um pedagogo tão importante para a educação do futuro quanto foi Jean Piaget para a educação do passado. Mas ele não trabalha para uma instituição de ensino. Ele é estrategista educacional da Dell.

Na revista Época (edição 683, de 20/6/2011), em uma matéria que questiona se realmente a tecnologia funciona nas escolas, Weston explica que a tecnologia tem de servir como mediadora para estilos de aprendizado, de estudantes, de professores, de pais e de conteúdos. Com a legitimidade e o conhecimento que muitos especialistas em educação hoje em dia não possuem, o consultor de uma empresa de soluções tecnológicas, cujo slogan é “o poder de fazer mais”, tem lições a dar.

O dever de casa que Mark Weston passa para o governo brasileiro melhorar a qualidade da educação do país não é fácil. Exige foco em pelo menos 3 ações:

1) diminuir a carga cognitiva dos professores;
2) redefinir o papel da tecnologia na educação; e
3) adotar práticas pedagógicas com eficácia comprovada em pesquisas.

E estamos conversados.

O FUTURO, A QUEM PERTENCE?

Vídeo de apresentação da Singularity University

A Singularity University é uma universidade interdisciplinar cuja missão é reunir, educar e inspirar líderes que se esforçam para entender e facilitar o desenvolvimento de tecnologias capazes de responder aos futuros desafios da humanidade. A instituição está localizada no campus de tecnologia da Nasa, no coração do Vale do Silício.

É natural que essa iniciativa tenha o apoio do governo dos Estados Unidos e de suas instituições acadêmicas. Mas as perguntas que ficam no ar é por que a Google é um dos principais financiadores da Singularity University e por que empresas como a Nokia e a Cisco também compraram essa ideia.

Alguém saberia dizer?

UM HOMEM COM 60 MILHÕES DE ACESSOS

Salman e Gates falam sobre
o fenômeno da Khanacademy.

É de se supor que os filhos de Bill Gates, um dos homens mais ricos do mundo, estudem em um colégio de mensalidades a preço de ouro, certo? Em parte talvez sim. Mas, segundo o pai das crianças e da Microsoft, as aulas em que mais eles aprendem são de graça! É que eles, como milhares de pessoas em todo o mundo, frequentam sempre o site do professor Salman Khan.

Para quem nunca ouviu falar dele, está na hora: Salman é o criador de um site com aproximadamente D. Ele é formado em Matemática, Ciência da Computação e Engenharia Elétrica pelo Massachusetts Institute of Technology (MIT). Largou o emprego em um fundo de investimento e foi dar aulas na internet. Dá aulas sobre assuntos complexos, só que de maneira muito simples, com níveis de dificuldade que vão desde as operações básicas de soma e subtração do ensino fundamental às lições de venture capital, mais comuns em classes de MBAs.

Segundo Salman, seus professores eram enfadonhos e agora ele dá aulas como as que gostaria de ter tido. Poderia fazer isso em qualquer instituição de ensino que desejasse. Porém, achou por bem criar um site.

Acertou mais uma vez. No começo ele mantinha as coisas com dinheiro do próprio bolso. Agora, vive da doação de 1,5 milhão de dólares feita por Bill Gates e de mais 2 milhões de dólares pagos pelo Google, para que o site da Khanacademy seja traduzido em pelo menos 10 línguas até 2012.

Entenderam?

domingo, 10 de abril de 2011

FALSA MODÉSTIA

Foto: Organize Assim (ternos); Monica Shop (chinelo); Marc Visão (bermuda) e Camisa Mania (camiseta)


O Moodle é hoje um ambiente virtual de aprendizagem largamente utilizado no mundo todo. Existem milhares de projetos educacionais gerenciados por esse software em aproximadamente 112 países. Somente no Brasil mais de 80 projetos são realizados através do Moodle em cursos livres, escolas e universidades. Quem transita em EAD, dificilmente já não ouviu falar dele.

A palavra Moodle é um acrônimo formado pelas iniciais de Modular Object-Oriented Dynamic Learning Environment, algo como Ambiente de Aprendizado Dinâmico Modular Orientado a Objeto em português. Em inglês coloquial, “to moodle” também é um verbo cujo significado é fazer algo sem pressa, quando der vontade, enquanto se faz outra coisa ao mesmo tempo.

Há quem pense que todo o sucesso do Moodle se deve ao fato de ser software open source , distribuído gratuitamente, sob os termos de uma licença pública geral, elaborada pela Free Software Foundation (FSF). No entanto, podemos mencionar pelo menos mais duas outras vantagens importantes a serem observadas.

Além de ser gratuito, uma outra vantagem do Moodle é que ele torna ambiente de aprendizagem mais amistoso. Isso é porque ele foi planejado dentro de uma linha pedagógica socioconstrutivista, que potencializa a experiência de ensino e aprendizagem colaborativa, pois integra recursos interativos, como chat, fórum, troca de mensagens e wiki, apenas para citar os mais usuais.

A terceira vantagem é que a comunidade de usuários especialistas em Moodle é gigantesca. Milhares de participantes se conectam numa organização via internet para discussões técnicas e troca de ideias. Fazem partem do grupo desenvolvedores, administradores de sistemas, professores, pesquisadores, desenhistas instrucionais, webdesigners e qualquer pessoa interessada no assunto. Dessa forma, quando ocorre algum problema no Moodle, esse problema pode ser comunicado e corrigido muitas vezes até em tempo real.

Desde que foi feito até agora, o Moodle é um projeto em andamento. Seu criador, Martin Dougiamas, na época era webmaster da Curtin University of Technology, em Perth, Austrália. Estávamos no final dos anos 1990, quando Dougianas deu a partida no projeto de seu ambiente virtual de aprendizagem, enquanto trabalhava como Gerente do Sistema WebCT (sistema de ensino a distância) e preparava sua tese de doutorado no Centro de Instrução da Ciência e da Matemática da universidade.

Apesar de tudo isso, o Moodle não aparenta ter a importância que tem. Talvez porque as instituições de ensino não queiram perder tempo e dinheiro, talvez porque diversos moodlers ainda não sejam competentes, a maioria dos Moodles que vi tem um visual muito pobre.

Provavelmente, ainda há muita gente que desconhece as centenas de templates (layouts que dão uma “cara bonita” aos sites) já criados e disponíveis para serem aplicados ao ambiente virtual. E há também quase 1000 plugins. É só baixar e usar. Os plugins enriquecem o processo de ensino-aprendizagem porque acrescentam funcionalidades extras ao Moodle, isto é, recursos adicionais de multimídia que possibilitam maior interação com os usuários através da inserção de vídeos, gravações de sons, imagens 3D e mais o que for necessário para uma experiência estimulante de EAD.

Moral da história: com a sua aparência muito modesta, o Moodle que a gente encontra por aí faz lembrar um sujeito que é convidado para uma grande solenidade, deixa de lado uma porção de belos ternos no armário e comparece à cerimônia vestido com camiseta, bermuda e chinelos.


 
0bs: as informações deste texto foram recolhidas nos sites Wikipedia e Moodle.org.


quinta-feira, 31 de março de 2011

REVISÃO DA MATÉRIA


Foto: Microsoft

Nos últimos anos, talvez a EAD on-line trouxe mais avanços ao ensino-aprendizagem do que a educação presencial em um século ou dois.

Exagero ou não da minha parte, fato é que a EAD não deve parar por aí. Caso contrário, a médio e a longo prazos, internet pode se tornar para ela um suporte tão persistente e conservador, quanto foi o quadro de giz nas escolas.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

ANA ENSINA A DISTÂNCIA

Fotos editadas: Ana Beatriz Gomes e Microsoft
Ana Beatriz Gomes é professora da Universidade Federal de Pernambuco. Na UFPB, ela desenvolve a pesquisa "Letramento Digital, Autoria e Colaboração em Rede: os Professores da Educação Básica e o Papel das Licenciaturas a Distância na Apropriação das Tecnologias Digitais".

 
Ana acredita que a formação de redes é um movimento essencial para a consolidação da cultura digital dos professores. Por esse motivo, vive a experiência de estar conectada com professores de vários lugares do Brasil, trocando experiências, links, opiniões, textos, etc..

 
Tudo isso somado resulta em um extraordinário blog com teses, dissertações, artigos e materiais para EAD.

 
Se você é como eu, tem sede de aprender cada vez mais sobre a educação a distância, não deixe de conhecer: http://anabeatrizgomes.blogspot.com.